sexta-feira, 20 de novembro de 2015

O Caminho da Harmonia

O Caminho da Harmonia

Olá!
Em nosso último artigo falamos um pouco sobre limite, liberdade e, mais importante, do caminho do meio, o mister de equilíbrio entre os dois polos, harmonia.
O termo Aikido é composto por três caracteres kanji:
Ai: Harmonia  ();
Ki: Energia     ();
Dô: Caminho  ().

“Ai” também pode ser traduzido como unido, unificado, combinado e ajuste. O termo “Aikido” é geralmente traduzido como "o caminho da unificação (com) da energia da vida", ou "o caminho do espírito harmonioso". Nesse sentido, um aspecto importante desta arte marcial é fazer-se um só com o oponente, não com objetivo de vencê-lo ou destruí-lo, mas de dominá-lo redirecionando sua força agressiva, resolvendo assim o conflito. Em outras palavras, o oponente cria um conflito, o praticante do Aikido integra-se a ele de modo que ambos formam um só conjunto, então controla e direciona as energias desse conjunto para uma solução do conflito, à sua pacificação, que é, como vemos, o objetivo desta arte. Harmonizar.

Na Gestalt-Terapia, uma das abordagens da psicologia clínica, há um conceito chamado Teoria Paradoxal da Mudança; uma concepção de que se está mais próximo da possibilidade real da mudança, quanto mais próximo se está da situação que se pretende mudar. Parece paradoxal pois implica em se aceitar e se aproximar profundamente daquilo que se quer mudar em si mesmo, um deixar-se ser aquilo que em um primeiro momento não se quer ser, a fim de que se possa não ser mais. Ser para não ser.

É basicamente o mesmo que dizer que, se você quer mudar algo na sua vida, no seu comportamento, nas suas perspectivas; em primeiro lugar, você deve se aproximar da realidade que quer mudar, vivenciá-la com toda a profundidade, e é dessa experiência que surgem as possibilidades mais concretas e prováveis de mudança. Muito diferente de querer simplesmente impor algo ou um valor a si mesmo, ou de negar e escamotear aquilo que de fato existe em você, como costumamos fazer.

Se sou preguiçoso, por exemplo, e isso atrapalha muito minha vida, decido que quero mudar essa tendência. Normalmente tendo a tecer uma perspectiva na qual a preguiça passa a ser minha inimiga, minha oponente. Tendo a querer me afastar da sua imagem e eliminar tudo que pode ter a ver com ela. Luto contra ela. Se perco, a humilhação da derrota me leva à negação do ocorrido, à tristeza ainda, à abusos, ou à culpar os outros e o mundo, até mesmo à rebeldia. Se ganho, não ganho totalmente, preciso manter pressão constante para que não se levante novamente contra mim e me derrube, e gasto constantemente minha energia para manter-me “vencedor”. Não parece muito eficiente.

Se quero realmente transpor a preguiça, primeiro, preciso aceita-la profundamente, sem negá-la ou escamoteá-la, entrar em contato com o prazer associado a ela, deixar-me ser preguiçoso talvez, mas ver e sentir como é isso e também as consequências a que me levam, sendo assim um com aquilo que quero mudar e me causa um conflito, mas também com as consequências, as perspectivas, os valores que me norteiam, o máximo possível do que me habita. Formo um conjunto com conflitos internos, com desentendimentos de eu comigo mesmo, que eu quero solucionar por bem, redirecionando as energias de modo a que o conjunto encontre uma forma sustentável, harmoniosa. Se a preguiça é incompatível com a harmonia, aos poucos a energia canalizada dessa forma pode ser redirecionada, extinguindo o conflito e pacificando. Também na mente nada se perde, tudo se transforma.

A semelhança com a proposta do Aikido está longe de ser mera coincidência.
Enquanto permanecer algo em mim escorraçado da minha consciência, negado, amordaçado ao feitio de um inimigo, de um vilão, de algo péssimo, ruim, que deve ser extirpado, o conflito inerente persistirá, e a mudança tenderá a ser temporária e relativamente superficial, demandando investimento constante no sentido da repressão. Alguma semelhança com dificuldades experimentadas em modificar o comportamento de nossos filhos? Ou com a forma como tratamos os “vilões” de nossa sociedade? Também não temos coincidências aqui.

Vamos falando aos poucos sobre como isso acontece e o que podemos fazer.
Um abraço e boa semana a todos!

Leandro Barbosa da Silva
Psicólogo – CRP 12/13919
47  9717 4864
47  3027 1728

                        Espaço Psicológico D´Etude
                           R. Alexandre Dohler, 129; Sl. 704
                                               Joinville - SC




Parceiro do Instituto Tachibana de Aikido




Nenhum comentário:

Postar um comentário