Reflexões
sobre a infância
Há
algumas décadas atrás, as principais referências para o atendimento
psicoterápico de crianças e adolescentes, que permanecem relevantes e válidas
ainda hoje em muitos aspectos, descreviam o ambiente e contexto ludoterápico
como sendo um dos únicos, se não o único, espaço onde a criança poderia ter
liberdade para se expressar autenticamente, e recuperar uma espontaneidade
quase sempre duramente reprimida.
Menos
de cinquenta anos depois, com muitas exceções é certo, o que vemos parece ser o
exato oposto. Não é raro que o consultório psicológico se torne o lugar por
excelência, onde a criança acaba por se haver de algum modo com suas próprias
ações e com limites, que parecem escassear nos seus outros ambientes e
contextos cotidianos. Estaríamos indo de um extremo ao outro?
As
famílias frequentemente não têm tempo suficiente com seus filhos.
Popularizou-se a ideia de que muito pouco tempo basta, desde que seja de
qualidade, no entanto, pouco tempo, por melhor que seja, pode não ser o
bastante. Já pensaram que uma criança pode precisar de muito mais para
construir uma relação profunda e rica com seus pais, que lhe sirva de suporte
ao longo de sua caminhada, e possibilitará uma adolescência mais suave?
É
comum que os pais olhem para seus filhos e vejam uma infância como se fosse “a”
infância, como se as ideias que nutrem sobre a infância fossem naturais. Mas o
que de fato temos sob nossos olhos? Como a infância acontece? As crianças
simplesmente brincam porque são crianças e é isso que crianças fazem? Os desenhos
animados são bons para elas simplesmente porque são desenhos e desenhos são
para crianças? Quanto antes minha filha aprender a ler, ou quanto mais meu
filho se sobressair sobre os demais, ou quanto mais precocemente preparado para
competir no mercado de trabalho, melhor? Será que crianças pequenas são tão
somente anjinhos fofos, meigos, inocentes e engraçadinhos? Precisam ser
atendidas naquilo que desejam ou pode ser ruim para elas? Merecem estar em
primeiro lugar em relação aos pais em uma porção de coisas, e ter tudo aquilo
que os pais não puderam quando eram, eles mesmos, crianças?
Esses
são apenas alguns questionamentos para fazer pensar e refletir sobre a
infância. O primeiro de uma série de textos voltados para pais e mães, nos
quais pretendemos abordar algumas questões importantes sobre esse período
crucial da vida, do ponto de vista psicológico e também integrado à filosofia
do Aikido. Convidamos a que nos acompanhem nestas reflexões, temos muito a
conversar e pensar juntos.
Desejamos
a vocês uma excelente semana.
Leandro Barbosa da Silva
Psicólogo – CRP 12/13919
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Espaço
Psicológico D´Etude
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