domingo, 1 de maio de 2016

Prevalecer ou Conhecer?



Prevalecer ou Conhecer?



Olá!
Já é mais que hora de retomarmos o nosso caminho pela Psicologia combinada com o Aikido!
Para quem não leu ou quer relembrar os textos anteriores, fornecemos os links. É importante os ler pois, apesar de cada texto ter um início e um fim próprios, não deixam de ter uma certa continuidade.

Pois bem, prossigamos a falar sobre o conceito Ai (; harmonia) da cultura japonesa, primeiro elemento do nome Aikido (合気).
No texto anterior abordamos em linhas muito gerais a forma como esse conceito é norteador não apenas na filosofia do Aikido no que diz respeito ao enfrentamento de um adversário, ou seja, na resolução ou pacificação de um conflito, mas também nas nossas vidas, tanto nos pequenos quanto nos grandes acontecimentos que nos sucedem diariamente. Há ainda muito o que ser dito sobre o assunto e é de enorme relevância, então aprofundemos com atenção.
Segundo o dicionário Houaiss da língua portuguesa (versão 3.0), adversário pode significar “que ou o que combate (contra outrem); antagonista, contendor”. Aquele que combate é aquele que se opõe ativamente, isso é, que emprega suas forças, sua energia, em sentido contrário a outra força. Um agressor que quer nos bater mobiliza, muito frequentemente, sua energia de modo a, através da violência, eliminar ou enfraquecer uma ideia que o atormenta... Sim, uma ideia. Por exemplo, a ideia de que ele mesmo é oprimido, de que ele é fraco ou inferior, ou de que somos uma ameaça pontual e urgente à sua vida. Há outras possibilidades também, mas esses exemplos são muito frequentes. Aprofundaremos sobre isso em momento oportuno.
Nosso mundo é feito de representações, é abstrato mesmo que lidemos com ele de forma concreta. Uma coisa é atacarmos uma ameaça real, como um animal frente a seu predador, outra coisa é atacarmos uma ideia distorcida de uma ameaça que atribuímos a uma outra pessoa.
Enfim, a mobilização da energia para eliminar ou destruir através de um ato físico é considerada uma ação regressiva do sujeito, isso é, ele regride psicologicamente a um estado anterior (que infelizmente pode não estar muito distante do atual e ordinário) no qual as coisas são resolvidas “na porrada”, ou pelo “tacape” como era muito antigamente. Frequentemente, muda-se a arma, mas a lógica é radicalmente a mesma e agimos como crianças que não dispõem de outros recursos para a solução de seus problemas.
Sendo você o representante da “força” que está sendo combatida dessa forma, o “adversário” mobiliza sua energia para te atingir mas, se aquele que te combate se torna também representante de uma ideia à qual você combate, mesmo que você nem perceba nada disso, você não apenas terá interesse em se defender, mas também em lesioná-lo ou eliminá-lo. Há então a guerra, onde ambos tentam prevalecer, mas nenhum deseja conhecer!
E é justamente sobre conhecer que se trata a harmonia no Aikido. As técnicas visam a pacificação do conflito pelo redirecionamento da energia de violência e agressão do “adversário” contra ele mesmo, para que ele mesmo possa entrar em contato com o que se passa consigo; e também sua imobilização, ou seja, o impedimento da prevalência de seu intento violento, obrigando-o a buscar outras vias, outros meios, para resolver seu conflito. Aquele que se defende dessa maneira proporciona meio de autoconhecimento ao que ataca, conhece melhor aquele que ataca e se dispõe a ser conhecido na medida em que obriga o atacante a procurar outras maneiras de resolver seu conflito que é, na verdade, quase sempre consigo mesmo.
Não se trata, portanto, de prevalecer, mas antes de educar. A educação e a cultura nos munem de recursos novos, menos ou completamente não violentos, para resolver nossos problemas. A evolução de nossa espécie e as contingências do meio nos levaram à inteligência necessária para isso, e a cultura que construímos nos fornece as ferramentas através das quais condicionamos e utilizamos nossa inteligência. Por excelência, a mãe dos nossos recursos é o que chamamos de linguagem. Se o adversário é impedido de atacar diretamente, talvez algo do que lhe reste seja o diálogo e, no diálogo, todos crescem. Não se trata portanto de machucar primeiro, ou ser reconhecido como quem tem a razão, mas pacificar. Educação que nos proporciona ações em que de fato utilizamos nossos potenciais, ao invés de nos lançarmos, já grandes, à disputas do feitio de crianças muito pequenas. Por que não  proporcionar aos nossos filhos meios também para tanto?
Peço que deixem dúvidas e comentários que o texto possa suscitar, vamos discutindo e assim vocês também podem participar dos rumos que tomamos.
Continuaremos o tema na próxima semana.

Um abraço a todos!


Leandro Barbosa da Silva
Psicólogo – CRP 12/13919
47  9717 4864
47  3027 1728

Espaço Psicológico D´Etude
R. Alexandre Dohler, 129; Sl. 704
Joinville - SC





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sexta-feira, 20 de novembro de 2015

O Caminho da Harmonia

O Caminho da Harmonia

Olá!
Em nosso último artigo falamos um pouco sobre limite, liberdade e, mais importante, do caminho do meio, o mister de equilíbrio entre os dois polos, harmonia.
O termo Aikido é composto por três caracteres kanji:
Ai: Harmonia  ();
Ki: Energia     ();
Dô: Caminho  ().

“Ai” também pode ser traduzido como unido, unificado, combinado e ajuste. O termo “Aikido” é geralmente traduzido como "o caminho da unificação (com) da energia da vida", ou "o caminho do espírito harmonioso". Nesse sentido, um aspecto importante desta arte marcial é fazer-se um só com o oponente, não com objetivo de vencê-lo ou destruí-lo, mas de dominá-lo redirecionando sua força agressiva, resolvendo assim o conflito. Em outras palavras, o oponente cria um conflito, o praticante do Aikido integra-se a ele de modo que ambos formam um só conjunto, então controla e direciona as energias desse conjunto para uma solução do conflito, à sua pacificação, que é, como vemos, o objetivo desta arte. Harmonizar.

Na Gestalt-Terapia, uma das abordagens da psicologia clínica, há um conceito chamado Teoria Paradoxal da Mudança; uma concepção de que se está mais próximo da possibilidade real da mudança, quanto mais próximo se está da situação que se pretende mudar. Parece paradoxal pois implica em se aceitar e se aproximar profundamente daquilo que se quer mudar em si mesmo, um deixar-se ser aquilo que em um primeiro momento não se quer ser, a fim de que se possa não ser mais. Ser para não ser.

É basicamente o mesmo que dizer que, se você quer mudar algo na sua vida, no seu comportamento, nas suas perspectivas; em primeiro lugar, você deve se aproximar da realidade que quer mudar, vivenciá-la com toda a profundidade, e é dessa experiência que surgem as possibilidades mais concretas e prováveis de mudança. Muito diferente de querer simplesmente impor algo ou um valor a si mesmo, ou de negar e escamotear aquilo que de fato existe em você, como costumamos fazer.

Se sou preguiçoso, por exemplo, e isso atrapalha muito minha vida, decido que quero mudar essa tendência. Normalmente tendo a tecer uma perspectiva na qual a preguiça passa a ser minha inimiga, minha oponente. Tendo a querer me afastar da sua imagem e eliminar tudo que pode ter a ver com ela. Luto contra ela. Se perco, a humilhação da derrota me leva à negação do ocorrido, à tristeza ainda, à abusos, ou à culpar os outros e o mundo, até mesmo à rebeldia. Se ganho, não ganho totalmente, preciso manter pressão constante para que não se levante novamente contra mim e me derrube, e gasto constantemente minha energia para manter-me “vencedor”. Não parece muito eficiente.

Se quero realmente transpor a preguiça, primeiro, preciso aceita-la profundamente, sem negá-la ou escamoteá-la, entrar em contato com o prazer associado a ela, deixar-me ser preguiçoso talvez, mas ver e sentir como é isso e também as consequências a que me levam, sendo assim um com aquilo que quero mudar e me causa um conflito, mas também com as consequências, as perspectivas, os valores que me norteiam, o máximo possível do que me habita. Formo um conjunto com conflitos internos, com desentendimentos de eu comigo mesmo, que eu quero solucionar por bem, redirecionando as energias de modo a que o conjunto encontre uma forma sustentável, harmoniosa. Se a preguiça é incompatível com a harmonia, aos poucos a energia canalizada dessa forma pode ser redirecionada, extinguindo o conflito e pacificando. Também na mente nada se perde, tudo se transforma.

A semelhança com a proposta do Aikido está longe de ser mera coincidência.
Enquanto permanecer algo em mim escorraçado da minha consciência, negado, amordaçado ao feitio de um inimigo, de um vilão, de algo péssimo, ruim, que deve ser extirpado, o conflito inerente persistirá, e a mudança tenderá a ser temporária e relativamente superficial, demandando investimento constante no sentido da repressão. Alguma semelhança com dificuldades experimentadas em modificar o comportamento de nossos filhos? Ou com a forma como tratamos os “vilões” de nossa sociedade? Também não temos coincidências aqui.

Vamos falando aos poucos sobre como isso acontece e o que podemos fazer.
Um abraço e boa semana a todos!

Leandro Barbosa da Silva
Psicólogo – CRP 12/13919
47  9717 4864
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terça-feira, 17 de novembro de 2015

Aikicast 02 - Shugyo

Olá, os deshis Anderson Willian, Jonathan Dias, Tania Tribess e Acauã Cunha vieram falar um pouco sobre Shugyo :)

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Amor romântico e amor genuíno | Jetsunma Tenzin Palmo on romantic love

   A forma do amor ocidental que desde o berço nos é ensinada, as vezes não é a mais saudável. Crescentemente as pessoas estão tentando entender o que é o amor, olhando para dentro de si e descobrir esse fantástico sentimento, que naturalmente deve ser desapegado e sem possessão.

  A monja Jetsunma Tenzin Palmo, em palavras doces e simples explica uma outra visão sobre o amor. Um vídeo de 4 minutos que podem mudar toda sua construção sobre esse sentimento, invista seu tempo assistindo essa reflexão, certamente não irá se arrepender.


  Acione as legendas, caso precise de tradução, ao lado do seletor de qualidade de imagem. 

https://www.youtube.com/watch?v=gjV5zaGd0gA

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Instituto Tachibana de Aikido no Hanamachi 2015

  Dia 14 e 15 de novembro, acontece em Joinville o HANAMACHI, evento que celebra a cultura japonesa em diversos aspectos, com ênfase nos mangás e animes.  
  Este ano o Instituto Tachibana de Aikido irá participar do evento fazendo apresentações e workshops. Venha participar e prestigiar o evento e nossa participação o/
  
  Estaremos com Workshop nos dois dias, das 10:00 às 12:00 e a apresentação será das 17:30 até as 18:00, também nos dois dias.

   Quem participar do nosso workshop ganhará um brinde surpresa, venha conferir!
  Terão diversas atrações muito interessantes, como sala de jogos, de RPG e Card Games, terá campeonato de DOTA 2 e LOL,  e na sala de HANAnimekê, karaokê de animes, vai rolar um campeonato também. Para aqueles que estiverem afim de descansar e comer um pouco, podem conferir o Maid Café. Irá acontecer o show de várias bandas, apresentação de youtubers, sala de desenhos, workshop de arco e flecha tradicional, aulas de japônes e, é claro a sala de artes marciais, aonde iremos nos apresentar e terão algumas outras modalidades também. Vai ser um evento bem completo, então não deixe de prestigiar se você gosta de cultura japonesa.
  Aguardamos vocês lá, não esqueça, dia 14 e 15 de novembro de 2015.

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Aikicast 01 - Exame de Faixa

Olá, os deshis Anderson Willian, Jonathan Dias e Tania Tribess tiveram a iniciativa de criar um podcast para auxiliar os iniciantes em seu primeiro exame de faixa.

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

O Outro Lado do Mundo; Episódio 1

   Episódio da primeira série documental em vídeo de Alternativa Online, "O Outro Lado do Mundo", que revela a diversidade da comunidade brasileira no Japão. "Pioneiros" é o primeiro episódio. Três histórias que retratam o início do então chamado "movimento dekassegui" e as dificuldades vividas pelos primeiros brasileiros a desembarcar no Japão. Os choques culturais já começavam no Aeroporto de Narita. O episódio conta, ainda, como eram os primeiros trabalhos nas fábricas japonesas, como era a relação com os nativos e a saudade que estes pioneiros sentiam de suas famílias. Com a participação do jornalista e professor universitário Angelo Ishi, da consultora social Eliza Yuka Sato e do líder comunitário, residente em Iida, Nilton Funabashi.